sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Doces Memórias de uma câmera fotográfica IV

No dia seguinte, decidimos fazer um passeio no teleférico que levava ao pico mais alto - Vamos ver a neve!! Mas... Que pena.... a temporada para o teleférico principal só começa em dezembro, assim, para não perder a oportunidade subimos no teleférico que levava num ponto mais baixo e naquela cadeirinha aberta, individual, para quem gosta de emoção. Mas primeiro, uma passada quase rápida à loja de roupas e material de esqui, localizada estrategicamente abaixo do teleférico principal e que estava bem aberta!! E como éramos quatro mulheres, dois homens e uma loja imensa em liquidação, tivemos umas duas horas de pausa antes do passeio. O passeio foi excelente, passamos sobre as casas, sobre os pastos com vaquinhas balançando seus sinos presos no pescoço, cavalos com potrinhos, ciclistas idosos subindo por estradinhas que mais pareciam ladeiras (exemplo para nós, sedentários), a vista das montanhas, mas uma vez, que visual!! Que frio gostoso!! Que lindo!! Melhor que a loja em liquidação!! Na descida, o vento frio batendo no rosto, nas mãos me trouxe uma sensação muito agradável - justo eu, que geralmente morre de frio. Passeio feito vamos para a estrada que a melhor parte da festa vai começar. A partir daqui, qualquer palavra que eu use, por mais bela que seja, será incapaz de descrever o que vimos. Atravessar os Alpes foi algo fora do normal. Os Pyrénées que me perdoem, mas se tornaram um aperitivo para o que estávamos vendo. Na subida, a vegetação foi ficando escassa até se tornar apenas pedra e uma espécie de cascalho. Do nosso lado direito às águas de um riacho desciam num leito pedregoso e para minha supresa, num ponto um pouco mais alto, havia um pedaço de gelo na margem do riacho. É lógico que eu iria pagar mico!! Fiz o Túlio parar para eu poder ver e tocar o tal pedaço de gelo. Mas eu não fui só, a Kátia, me acompanhou feliz da vida e fizemos uma festa com direito a fotos. Após a farra do gelo, continuamos a subida e as curvas começaram a se acentuar. À medida que subíamos uma neblina mais densa se formava do lado da montanha, no precipício, ou seja, do lado da estrada. Num ponto mais alto não resistimos e paramos para nos esbaldar com a vista e aproveitar para tomar o café ralo de uma lanchonete no meio do nada. Nesse momento a neblina começou a chegar na estrada. Com receio de que as coisas piorassem voltamos para a estrada com a atenção dobrada, afinal não deve ser muito agradável perceber que a estrada acabou debaixo dos pneus. Mas a neblina passou rápida e então foi um festival de montanhas, precipícios, montanhas ao longe que pareciam mudar de lugar, curvas, túneis, curvas, precipício à esquerda, precipício à direita, curvas, vista deslumbrante, deslumbrante, deslumbrante.... Não resistimos e paramos novamente. Quem estava no carro precisava sentir aquele ar, a temperatura, tocar o solo e se sentir parte da montanha. Pois é essa a sensação de quem anda de moto tem. Pose para mais uma foto oficial e vinho para brindarmos aos deuses, à natureza e ao momento inesquecível. E era apenas metade do caminho, a descida ainda eira começar. Nos primeiros metros da descida, uma sucessão de curvas cotovelo tirou nosso fôlego. A adrenalina subiu, afinal de contas, para fazermos as curvas, precisávamos usar a contra mão e fazer isso sem conseguir ver direito se vem outro carro é uma sensação no mínimo estranha. Tudo isso à margem do penhasco e a vista continuava impressionante. Conseguíamos ver o verde do vale lá em baixo, verde, florido, tudo tão arrumadinho, perfeito como se tivesse saído de um livro de contos de fadas. À medida que descíamos a vegetação foi novamente se tornando majestosa com árvores frondosas e flores, muitas flores coloridas, predominando as vermelhas. No vale, uma vilazinha completava a paisagem com suas casas perfeitas, floridas e a torre da igreja matriz se destacava entre os telhados. O verde da vegetação e o branco das casas davam um contraste especial em perfeita harmonia. Nos sentimos dentro de um cartão postal europeu. Aos pés dos Alpes italianos chegamos à cidade de Merano, onde lanchamos e nos preparamos para a nova subida em direção à Suíça.








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